ANA NÉRI


Como vimos no post anterior Florence Nightingale é um grande nome da enfermagem mundial, conhecida por sua impetuosa vontade de ajudar o próximo, e de revolucionar tudo que se conhecia sobre a enfermagem, sua atuação positiva na guerra da Criméia (1854), mas precisamente no campo de Scutari, e sua história é similar a da ilustre personagem que marcou história aqui no Brasil movida pelo amor à seus familiares, Ana Justina Ferreira Neri nascida em 13 de dezembro de 1814 na Bahia, em uma vila do município de Cachoeira, a cidade é conhecida como a "Cidade dos Heróis" pois de lá saíram grandes nomes nacionais, e internacionais como o caso do maior jurisconsulto das Américas o excelentíssimo Augusto Teixeira de Freitas. Ana Néri ou "mãe dos brasileiros" como ficou conhecida após sua brava atuação como enfermeira voluntária na Guerra do Paraguai (1864 - 1870) em agosto de 1865, era viúva do capitão-de-fragata Isidoro Antônio Néri. Quando Ana viu seus familiares mais próximos serem convocados para a Guerra do Paraguai, solicitou  ao presidente da Provincia da Bahia poder acompanhar os filhos e o irmão, ou pelo menos prestar serviços voluntários nos hospitais do Rio Grande do Sul, no que foi atendida. Embarcou, em Salvador, com  a tropa do 10o Batalhão de Voluntários da Pátria em agosto de 1865, na qualidade de enfermeira,

Serviu, portanto, como voluntária na Guerra do Paraguai (1864-1870), como auxiliar do corpo de saúde do Exército brasileiro. A partir deste contexto ofereceu seus serviços como enfermeira ao presidente da província enquanto durasse o conflito. Durante toda a Guerra do Paraguai, prestou serviços nos hospitais militares de Salto, Corrientes (Argentina), Humaitá e Assunção (Paraguai), bem como nos hospitais da frente de operações. Viu morrer na luta um de seus filhos e um sobrinho. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 66 anos de idade.  Ana Neri foi contemporânea de Florence Nightingale (foi quem criou a primeira escola de enfermagem no mundo, em Londres, 1860), mas não existem indicações de que elas sabiam da existência uma da outra. No entanto, foram semelhantes na maneira de agir: ambas ricas, estudadas, cultas e poliglotas, severas e disciplinadoras e dedicadas às tarefas de cuidar dos sofredores nas guerras em que participaram ativamente (Ana, na Guerra do Paraguai e Florence, na Guerra da Criméia - atual Ucrânia).

Durante a guerra Ana Neri enfrentou o caos da saúde no país quando as doenças proeminentes da época eram a Cólera, febre tifóide, disenteria, malária e varíola. Durante toda a Guerra do Paraguai prestou serviços nos hospitais militares de Salto, Corrientes (Argentina), Humaitá e Assunção (Paraguay), bem como nos hospitais de campo, na frente de operações militares. Em sua convivência diária com os médicos, no trato conjunto das obrigações, adquiriu conhecimentos terapêuticos, mas o bom senso aliado ao seu olhar de mãe que cuida  de filhos doentes muitas vezes fez prevalecer sua opinião aos médicos.

A enfermeira conseguiu transformar a realidade sanitária local, impondo condições mínimas de higiene para que doenças não se alastrassem e feridas fossem tratadas. Na luta pela recuperação dos pacientes eram usados recursos da época como iodo, cloreto de potássio, água fenicada e cauterização, além de beberagens de plantas medicinais. É considerada a primeira pessoa não-religiosa a dedicar-se aos cuidados com a saúde de uma comunidade ou população, considerada a primeira enfermeira do Brasil. O governo imperial conferiu-lhe a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe.

Naquelas condições difíceis, organizou os hospitais de campanha e a primeira enfermaria foi montada em sua própria casa, em Assunção, e às suas expensas. Metodizou as tarefas em busca da eficácia, com olhos humanitários e a alma voltados tanto para os cuidados dos combatentes daTríplice Aliança (Brasil, Uruguai e Argentina), quanto para os soldados do invasor Paraguai, indistintamente.

O seu maior legado pode ser considerado a abnegação e a perseverança na prática do cuidar do próximo, a organização sistemática e a humanização no cuidar dos doentes.

Precursora da Cruz Vermelha, é considerada a primeira enfermeira do Brasil. Em sua homenagem a primeira escola oficial brasileira de enfermagem de alto padrão no país foi denominada Ana Neri (1923). Em 10 de agosto de 1938, o presidente Getúlio Vargas, assinou o decreto nº 2.956  instituindo o dia do enfermeiro, que deve ser celebrado em 12 de maio. Nessa data devem ser prestadas homenagens especiais à memória de Ana Neri, em todos os hospitais e escolas de enfermagem do país.   
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Fonte:
  Brazil, T.K. (organizadora), Sales, S. M., Portella, S.D.C. - Ana Justina Ferreira Neri. Projeto Herois da Saúde na Bahia. Disponivel em http://www.bahiana.edu.br/herois/heroi.aspx.


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Romário Bispo